A mulher e a maternidade

 

Arquivo da autora, Musée de l’Homme, Paris maio de 2017.

Afinal, ser mulher é o que mesmo? Assim fala-se sobre a mulher. Que mais parece o outro, o diferente, o estranho, ou melhor, a outra, a diferente, a estranha. E tudo isso em relação a quem ou a que mesmo? Ao próprio ser humano que habita este planeta.

Tenta-se a qualquer custo responder essa inquietação, desde a Antiguidade. Primeiro foram as diferenças que chamaram atenção. Esta busca pela diferenciação levou à reflexão sobre as semelhanças, e a consequente igualdade entre os seres. Neste ir e vir de igualdade e diferença apontou-se para a maternidade com variados níveis de importância.

Só as mães geram filhos, pelo menos por enquanto. Então tem-se o elogio à descendência. Sem antes culpar e responsabilizar as mães pela qualidade desta continuidade da existência. Mas em que medida se dá a equação: mãe – filhos – evolução da espécie? As mulheres estariam solitárias nesta missão? Diferentes e até contraditórios discursos orientaram e continuam a pautar os conteúdos relativos à maternidade. Interesses sociais e econômicos estão envolvidos.

Sabemos que há quem diga que não se nasce mulher, assim talvez como não se nasce homem. Os estudos de gênero estão aí para provocar mais questionamentos sobre nossos comportamentos, nossos corpos e nossas escolhas. A cultura influencia inclusive nossos hormônios. Somos construídos e interpelados por uma complexidade de arranjos sociais, por herança genética e imaginários variantes, plurais e paradoxais. Pensar sobre a maternidade é se permitir sentir o outro (a mãe) mas não como um ser estranho e diferente, mas como uma relação de dependência e de reciprocidade. E assim perceber a si mesmo, considerando o gênero que for, sendo filho ou filha. Porque todos nós nascemos de uma mãe. No momento em que acessamos este lugar onipresente, estamos no caminho de compreender o que significa ser mulher e sua identificação com a maternidade.

Por Paula Jung, pós-doutoranda em Comunicação no PPGCOM/Famecos PUCRS.
Pesquisa sobre o “O imaginário da maternidade na comunicação contemporânea”.

Publicado por Comcime

A proposta do blog Comunicação, Cidade, Memória é a de romper as barreiras do mundo acadêmico e aliar ao grupo novas cabeças pensantes, como também dar visibilidade às questões trabalhadas nas reuniões dos projetos de pesquisa e extensão, para que toda a vitalidade dessas discussões possa ultrapassar os limites do espaço e do tempo, e chegar a mais pessoas.

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